21.12.07

um quase nada de tudo


e porque hoje é vinte e um de dezembro e faço anos. na noite mais longa. no solstício de inverno. frio às vezes como a minha alma nua. dou vivas.


pela vida
pela música
pela pintura
pela cor
pelo amor
pela amizade
pela paixão
pela lua
pela estrela
pelo mar


e quero uma música de liszt
uma pintura de chagall
um piano preto
um violino branco
um vestido transparente
uma agualera de sossego
um céu pleno
uma lua branca
uma nuvem cinzenta
uma estrela amarela
um mar azul
um beijo vermelho
a palavra amo-te num envelope fechado
e um amor invisível


não é pedir muito. é um quase nada de tudo.

20.12.07

e amor tem?


tem só

tem dó

tem vida

tem espírito

tem alma

tem paz

tem folha

tem verde

tem flor

tem fruto

tem céu

tem nuvem

e tem eu


e amor

tem?

11.12.07

hora certa

apetecia_me um dia pleno.
uma noite sem fim.
uma hora certa.

e aí eu escrevia.
e nas linhas com remetente palavras sem sentido.
mas larguei-me na hora porque a noite é certa e não sei se volto assim. e perdi_me.
a hora devo_a. a quem me quiser acompanhar. mas escapa_me a presença.

que confusão vai nesta tinta!

a quem escrevo? a mim.
o que escrevo? sentido.
porque escrevo? preciso de.

apetecia_me uma hora certa. sem ponteiros.
um dia pleno.
e uma noite vestida de ti.

um dia branco



































nuno júdice

8.12.07

episódio musical







ao ouvir as suites inglesas de bach
a humidade dos campos envolve-me
com uma névoa de rios
e uma auréola de margens


esta música puxa-me pelas suas mãos de som
para o ritmo que o poema devia encontrar
no limite dos teus cabelos


assim vens até mim
pelos degraus deste ritmo que bach inventou
para descrever não se sabe que dança
movimento com o vento
baloiço vago que se evola
de uma entrega evanescente
num canto de arbusto

até ao silêncio branco com que o amor se fecha

nuno júdice



6.12.07

sem fim


quase que parece um adeus
e de o não ser
será talvez um aceno
de como quem se salva

de se aproximar do fim
sem fim