e a cada passo é como que mais um traço que não apago
se olhar ao alto bem alto lá em cima onde ninguém quase nunca consegue olhar vejo_me sempre lá. contigo ao lado.
Um poema exemplar: em linhas como:
«Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,
Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,
Saber que existe o mar e existem praias nuas,
Montanhas sem nome e planícies mais vastas
Que o mais vasto desejo,
E eu estou em ti fechada e apenas vejo
Os muros e as paredes e não vejo
Nem o crescer do mar nem o mudar das luas.
Saber que tomas em ti a minha vida
E que arrastas pela sombra das paredes
A minha alma que fora prometida
Às ondas brancas e às florestas verdes»
«Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,
Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,
Saber que existe o mar e existem praias nuas,
Montanhas sem nome e planícies mais vastas
Que o mais vasto desejo,
E eu estou em ti fechada e apenas vejo
Os muros e as paredes e não vejo
Nem o crescer do mar nem o mudar das luas.
Saber que tomas em ti a minha vida
E que arrastas pela sombra das paredes
A minha alma que fora prometida
Às ondas brancas e às florestas verdes»
um poema exemplar
de sophia de mello breyner
agora que aqui cheguei é hora de não querer sair nunca mais uma única vez que seja porque é assim que me sinto tão bem em paz. perto do céu que me serve de tecto e não longe do mar onde acento os pés para ficar.
é de verdade a procura que encontro de cada vez que por aqui passo. saber que me és quando não estás.
e em cada degrau que me toca os dedos é o querer tanto estar. assim quieta no sossego de entre duas paredes que me amparam. as pernas essas cruzadas servem de porta que se fecha porque nada mais há para esperar. olha_se para a frente ou ao alto mas nunca nunca outra vez para trás. o que ficou que reste. e se nada resta resta sempre o nada restar.
e assim a cada passo é como que mais um traço que não apago.
se olhar ao alto bem alto lá em cima onde ninguém quase nunca consegue olhar vejo_me sempre lá. contigo ao lado.
fotos de b. berenika
e escrito cá em baixo sem ninguém ao lado
24 comentários:
A Sophia de M. Breyner, tinha realmente, poemas "exemplares"!
Lindos, verdadeiros, que nos falam ao coração!
:)
Bjs!
Às vezes cada passo nos aproxima mais da solidão...
Belo como sempre o poema de Sophia.
Um beijo.
Eu esqueço da grandiosidade deste seu blog, Ivone. Você é uma artista multifacetada que eu deveria visitar sempre, para respirar ares de inteligência e cultura.
Se v. me permitisse, eu faria um link do meu blog para o seu.
Beijos carinhosos do Thiago
estes silêncios com paixão contêm a mais pura beleza da vida... aquela que se sente dentro de nós... mesmo que não esteja ninguém fisicamente ao lado! :)
bjinho*
paula
sophia é sophia como só ela sabia ser assim de mello breyner andresen
graça pires
mas este meu passo é para fugir dela bem longe dessa solidão
santhiago
pode e deve fazer todo o link que quiser e lhe apetecer. porque a gente merece!
liliana
às vezes os silêncios de paixão mais puros são aqueles que se vivem sem companhia
maravilhosos os poemas que colocas
O poema da Sophia que citas é dos meus favoritos!
"e a cada passo é como que mais um traço que não apago"
eu diria que os nossos passos são as tatuagens da nossa vida.
---
S.M.B.A.- tão bela e profunda como os mares que gostava de versejar.
---
um beijo especial e emocionado pelo ricardo reis que me deixaste. é uma das minhas preferidas.
beijos, querida ivone,
inês
sagher
são poemas senhor são poemas...
arion
parece que tenho um dedo que adivinha ou então um sexto sentido muito apurado. que achas?
olá inês (dois rios)
soube_me bem saber o teu nome assim a minha resposta deixa de ser menos impessoal
também me soube bem ler o meu assim parece até que estás aqui bem perto a falar comigo
e parece que adivinhei no ricardo reis não te conhecendo mas conhecendo não é?
Não existem poemas exemplares.
Porém, há sempre um poema exemplar.
Haverão sempre palavras, com as quais nos deitamos ou... as desejamos abraçar.
Gostei muito de sentir as tuas.
As outras, espero-as sem as esperar.
Gosto muito de Sophia de Mello Breyner.
Não olho para cima com medo de ninguém encontrar.
Beijinhos com raios de Sol
O poema de Sophia é lindo, gosto muito dela. Vc fez um post muito bonito com o que disse e com as fotografias. Mudando de assunto, fiz outro post, pois aquele me trouxe um azar que vc nem imagina. Este é sobre um cult movie, dirigido pelo Nicolas Cage, com James Franco no papel principal. Passou despercebido no Brasil, talvez tenha feito sucesso na Europa, não sei. Apareça por aqui:
wwwrenatacordeiro.blogspot.com
Um abraço,
Renata Cordeiro
Adorei o poema. Realmente Sophia de Bello Breyner era uma excelente poetisa.
Queria mesmo comentar, mas ao ler senti-me uma espécie de voyeur, como se estivesse a mais, numa história demasiado íntima...não fui capaz.
sinais-de-fumo-blogspot
fotões... tu tens aqui um trabalho de primeira de edição fotográfica...beijos
não me canso de ficar encantada com os teus posts.....
bom fim de semana
beijos
«e escrito cá em baixo sem ninguém ao lado» excepto tu.
(não?...)
e como tu sabes escrever cá em baixo com o olhar bem alto!
um beijo ivone.
corvo negro
as melhores palavras são aquelas que não se esperam ouvir nunca
sunshine
mas sempre que eu olho para cima não é com medo de ninguém encontrar.é medo de saber que alguém me espera.
renata e diana
sophia é um must!
oldmirror
faço das tuas as minhas palavras. às vezes quando te leio não consigo dizer nada. até parece que as letras se me encravam nos dedos. e longe de mim querer invadir ou tentar sentires tão íntimos que te atravessam a alma.apenas registo a minha passagem por lá na maioria das vezes com letras de outros que não as minhas.porque as minhas por vezes não te chegam lá.nem cá. não chegam só isso. entendes?
rocket
b.berenika e katia chauscheva são duas das minhas eleitas em fotografia. se as conseguires ver com atenção consegues com facilidade adivinhar o que me vai na alma.
carla
mas eu agora detesto os fins de semana porque estou de férias rs
sou eu
tens razão. estou permanentemente acompanhada por mim.
maria josé quintela
tenho de olhar ao alto para conseguir escrever. quando olho baixo a tinta dos dedos seca_se_me.
e dois beijos maria josé (ganhei eu rs)
Olá Ivone, belo poema...Espectacular...
Beijos
Salutar!
D.
A respeito de Fados, deixei uma resposta para si. No meu blog.
D.
agora q aqui cheguei..............
-fico..........
jocas maradas de tempo
é tão bom ler-te que me perco entre o silêncio das palavras e as palavras que me fazem silenciar...
beijo terno.
só te posso agradecer por estes momentos que ofereces
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