25.7.09
















que queres que te diga se nem eu sei?






















que queres que te diga se nem eu sei? é só este gozo imenso que me dá o escrever. saber que não adianta escrever o que não se sabe nunca dizer. diz que disse mas não se diz. e será que alguma vez me lês? mas lês mesmo? pensas que me entras assim nas mais fundas entranhas sem nada dizeres na vã tentativa de me conseguires ler. gostaria ainda de um dia me aproximar o mais possível tocar_te nos dedos e com eles espalhar_me ao comprido na página. era esse o gozo da escrita sem se ler. ter aquele arrepio pela espinha acima sabes? mas como se não te conheço? mas sei que tentas ler_me. estou mesmo a ver deves pensar "bem espremida coitada não tem nada de nada". será? se é assim que me atiro à página com tudo para dar e não ter nada guardado para receber. raios me partam! a mim e ao meu escrever!









fotos de observatory
ia gagliani
e wkurwarjacya

13.7.09

efectivamente











efectivamente, adv. com efeito; realmente.





























adoro o campo, as árvores, as flores
jarros e perpétuos amores
que fiquem perto da esplanada de um bar
com os pássaros estúpidos a esvoaçar
adoro as pulgas dos cães
todos os bichos do mato
o riso das crianças dos outros
cágados de pernas para o ar
efectivamente escuto as conversas
importantes ou ambíguas
aparentemente sem moralizar
adoro as pegas e os pederastas que passam
(finjo nem reparar)
na atitude tão clara e tão óbvia de quem anda a engatar
adoro esses ratos de esgoto
que disfarçam ao dealar
como se fossem mafiosos convictos habituados a controlar
efectivamente gosto de aparências
imponentes ou equívocas
aparentemente sem moralizar




rui reininho























efectiamente só efectivamente a sós com efeito assim só realmente sós adoro o facto de ser única sem par parceiro ou companhia com efeito e realmente desacompanhada efectivamente assim sem me moralizar





















fotografias de alexandre parrot e robert parkeharrison