31.8.07

acredito que sim...




acreditas em mim?
acreditas no que eu acredito?
acredito que sim...
se sim
as chaves dos meus creres
serão tuas
se os acreditares a tempo
acredito que sim...

29.8.07

mudar de vida

o post de hoje é para os meus amigos. para a lila para o vitor nunes para a teresa e para o osvaldo.
o dia hoje foi pleno!

o dia hoje foi pleno. desdobrei-me em risos afectos sentires verdes e lilazes. na aldeia lar tudo é vivo. até as videiras que teimam em secar.

abriram-me as portas de um lugar que acho muito díficil encontrar. tudo ali respira. tudo brilha. tudo nasce. já não há sítios assim. ou melhor eles existem sim mas são tão raros.

tive o privilégio de me levarem lá. à entrada da casa que eu apelido a partir de hoje como de amarela. assim como a de van gogh.fez-me lembrar a sequência de pinturas dessa fase dele. telas com uma casa de paredes pintadas de amarelo. aqui são as portadas. transpiram de tanto amarelão brilhante que até cega. como cartão de visita uma lamparina chinesa. o porquê do nome não sei mas faz lembrar aqueles lampiões vermelhos que vemos pendurados nos restaurantes chineses. tem uma coroa amarela. tal como a casa. depois um pequeno badalo a lembrar a forma da labareda de uma lamparina. disseram-me ser neta do amigo victor reis. só poderia vir coisa boa e bela desse amigo.

para quem não conhece a lamparina chinesa é uma flor que vive num arbusto plantado à porta da casa amarela.

ainda tenho aqueles cheiros entranhados. o cheiro castanho da terra. o cheiro salgado do mar. o cheiro azul do céu. o cheiro dos ares e das brisas do areal ali tão perto. o cheiro verde do bosque dos medos.

"isto não existe" pensei. e por uma tarde eu não fui eu.

a que se encerra em seu castelo de princesa amedrontada das guerras que se travam em seu reino. a que se fecha no seu mundo aterrorizada com os medos vindos do bosque. a que assustada se recusa a pôr o pé descalço na areia não vá uma concha a aleijar.. esta não sou eu. a que se avizinha da dama da noite que ao entardecer se abre para lançar o seu perfume no ar e que durante o dia se fecha no seu casulo resguardando-se dos olhares e das carícias indiscretas na sua coroa.

ofereceram-me três trevos de quatro folhas. aqueles que ao contrário da dama da noite durante o dia abrem vaidosamente as suas folhas deixando-se acariciar pelo sol ou por uma mão mais sensível que ousa tocar-lhe rendendo-se assim ao carinho que lhes querem dar. mas que ao entardecer se fecha em copas e se defende dos ventos mais agrestes que os poderão magoar.

assim sou eu. qual trevo de quatro folhas. não queria. mas sou. e há permanentemente uma guerra no meu reino.

agradeci os trevos com um meio abraço e um tímido beijo.

apesar do turbilhão de satisfação e reconhecimento por aquele acto tão simples não fui de exposição no momento. mas no após instante desse acto mágico faço-o nas minhas sentidas letras.

o que três trevos de quatro folhas me fazem.

só lhe disse assim:" a partir de hoje a minha vida vai mudar. vou ter sorte"

mudar de vida. mudar-me de mim. mudar para uma casa amarela. "eu quero uma casa no campo onde eu possa plantar mais amigos mais discos mais livros e nada mais."

o dia hoje foi pleno!

28.8.07

o verbo ter


o verbo ter
eu tou tu tás ele tá
nós tamos vós tais eles tão
e eu sem te ter...

desamores


abraço
amantes
amor
desamores
amo_te
desamo_te

27.8.07

asas


as asas servem para
voar
planar
sonhar
conquistar
respirar
olhar
espreitar-te
espiar-te
prender-te
tocar-te
multiplicar-te
amar-te.

25.8.07

despir de sonhos


se eu me despisse de sonhos
vestia-me de céu
porque o azul é o tempo presente mais que perfeito.

23.8.07

sonhos













hoje os meus sonhos voltaram a cair por terra

há que levantá-los outra vez.


mas como se só me apetece adormecer?

o crepúsculo


22.8.07

qual menina destemida

hoje enchi-me de coragem e fui jantar fora sózinha. sim porque isto de ir sózinha jantar fora tem muito que se lhe diga. é necessário encher-me de coragem. e se tivesse à espera de companhia para o fazer raramente iria. se assim fosse de certeza que estava mais magrinha.

por outro lado marimbei-me para os quilos a mais que trouxe comigo das férias. só três. os suficientes para ter que andar a usar túnicas para esconder a barriguinha. e também porque as calças me estão justíssimas.

das duas uma ou começo urgentemente a cortar nas sobremesas ou compro roupa nova com números acima. prefiro cortar nos doces. sempre me sai bem mais barato.

despachei-me muito rápido a vestir porque ainda queria das umas voltinhas antes de jantar. só tive que trocar de calças porque as primeiras que experimentei e que ficaram em casa sem direito a férias ficavam-me justíssimas na cintura. quase que não conseguia respirar. até parecia que me faltava o ar. e eu não gosto de me sentir apertada.

lá fui eu qual menina destemida. sim menina porque com a idade que tenho que contam já com algumas boas primaveras continuo a ser uma menina. mais madura sim. mais bem sofrida também. mas acima de tudo bem mais feliz. por isso me continuo a sentir ainda como uma menina. a mesma que no outro dia entrou numa loja e durante todo o tempo foi tratada por menina pela empregada da boutique. escusado será dizer que aqui a menina se fartou de experimentar peças de roupa só para estar a ouvir o a menina fica-lhe muito bem essa calça ou esse vestido acenta-lhe que nem uma luva.

assim e derivado ao meu bom estado de conservação voltei hoje a entrar em todas as boutiques do centro comercial onde fui jantar. ninguém me tratou por menina mas ganhei uma camisola branca linda e nova. já a pensar no outono que se avizinha.já noto diferença nos dias. bem mais pequenos. o sol desaparece mais cedo e eu refugio-me logo em casa. como detesto eu o inverno. e logo fui nascer no dia em que ele nasce também.noites longas.imensas.frias.escuras.

não é que eu tenha medo do escuro. nada disso. mas fico triste com o aproximar da noite. e depois tem aquela hora mágica do dia que eu gosto muito. o crepúsculo. como eu gosto dessa hora. quase que fico encantada.

quando era mais nova e passava o verão no alentejo era nessa hora que eu ia passear para os campos. só para estar mais perto do céu. porque de um lado era ainda de dia. e eu sentia-me bem por isso. e por outro lado a noite ainda não tinha chegado. e eu continuava a sentir-me bem.

foi durante o crepúsculo que saí do centro. apeteceu-me agarrar o mundo porque me sentia feliz. lembrei-me de quase todos os que me querem bem. e apesar de estar sózinha não me senti só. e apesar de o dia estar a terminar e a noite a chegar senti-me tão bem.

qual menina destemida no alentejo.

21.8.07

como Pilar


acto de contenção

" tens o coração fechado..." disseram-me. ao qual respondi de imediato: " a sete chaves!"

como posso ter dito isto se é uma pura mentira!? e eu não costumo ser mentirosa só omito a verdade.

devia ter respondido:" para si claro que sim." sempre.

mas tenho-o aberto para todo o resto do mundo para quem me quer bem e até para alguns que não me querem de todo.

fala-se de amor e fico assim. sem jeito. idiota. triste. sendo este um acto de alegria de felicidade faço dele um acto de contenção. confesso-me que a imensa solidão que me vai na alma é suficiente para preencher todas as horas...as que em silêncio me calo as que serena e impávida me choro as que me contenho me iro. as horas...

sentei-me em frente ao mar como que num acto de submissão. confesso-me. queria ter chorado. não o consegui.

salgada por salgada já tenho a água da maré. para quê querer a das lágrimas?

salva de sal continuei sentada à beira do mar. sentei e chorei. como Pilar.

18.8.07

um caso de amor...

o post de hoje dedico-o ao pedro à lila e ao repórter estes últimos dois amigos que tiveram saudades minhas enquanto me ausentei de férias
desculpem-me se vos vou decepcionar porque não tenho fotos das férias nem poemas nem foto-poemas mas apenas um texto escrito a 16 de agosto. só palavras. letras minhas que quero partilhar com vocês
pensei duas vezes se havia de as postar aqui porque são tão íntimas tão minhas tão tudo o que me foi na alma nestes últimos dias que não sabia se faria bem em as tornar públicas. mas vocês merecem-nas!
aqui ficam:
este verão tive um caso de amor...
dizem que os amores de verão duram pouco, são efémeros, nascem rápidamente e pouco depois morrem e ficam enterrados na areia, fugazmente envoltos em mar de tão salgados que são.
o meu não foi assim. pelo contrário, irá ficar comigo até ao dia em que eu morrer. o meu caso foi doce...adocicado diria. como uma marguerita que bebi com sal à volta do rebordo do copo e de gelo picado que se derretia a cada beijo meu.
fez talvez dez anos que ele saiu de casa. desde aí tenho andado sempre sózinha incluíndo alguns verões claro. saímos juntos para um lugar onde o mar beija o céu onde as cegonhas cantam ao final da tarde e acasalam indiferentes aos olhares indiscretos dos turistas onde os melros roubam os sonhos pela madrugada onde o sol nos beija a pele pelo entardecer onde o sal da água nos acaricia sempre que lhe tocamos onde as andorinhas do mar dançam ao sabor do crepúsculo alheias ás minhas constantes e persistentes perseguições de olhares.
é o único lugar onde me enrolaria na areia...
aqui na com_____porta!
não digo que seja bonito, sedutor daquele tipo de homem que faz com que uma mulher pare na rua ou volte a cabeça para olhar novamente.para mim é bonito. alto, talvez um metro e oitenta, magro, sem o ser exageradamente não muito ataente de corpo porque tem um andar desajeitado, moreno, um corte de cabelo que não é corte, não muito curto nem muito comprido, ondulado como que a lembrar as ondas largas do mar, negro de um preto que abre um pouco com o sol, sobrancelhas fartas sem o serem em excesso, olhos castanhos de um castanho claro adocicado nariz pequeno sem ser arrebitado, boca doce com um sorriso malandro, dentes bonitos muito brancos um pouco desalinhados o que lhe dá uma certa graça, pescoço altivo e mãos de piano! as mãos são lindas. já lhe disse uma vez: "tu tens mãos de pianista! dedos alongados finos bonitos de tanta elegância.gosto tanto das tuas mãos!"
faz talvez dez anos que ele saiu de casa. tenho ainda o sabor amargo desse dia de quando me voltou as costas sem se despedir sem dizer adeus até amanhã quanto mais um beijo de até breve.
fiz questão de o levar a conhecer o museu do arroz. para quem não conhece o museu é um restaurante muito in onde quem nunca entrou não imagina o espaço sublime que é. este lugar tem qualquer coisa de mágico de surrealista...já foi em tempos um espaço onde se guardava e tratava o arroz dos campos ali ao lado. existe um espaço exterior quase a lembrar um alpendre onde ao final da tarde me posso deliciar com uma marguerita e saborear o verde dos arrozais semi deitada numa chaise longue de ferro forjado em preto com alguns almofadões onde me enrosco a ouvir música.
já lá dentro saboreámos juntos os candelabros monstruosos suspensos do tecto, lindíssimos e magníficamente pendurados no céu da sala principal. a vela acesa na mesa serviu de desculpa para pequenas brincadeiras à semelhança do que se passou na véspera no bar enquanto nos preparávamos para sair e coloquei o copo da marguerita dentro da mala.
quando saímos do museu envolveu a minha cintura com o braço dele e beijou-me na face "obrigado pelo jantar" disse.
limitei-me ao silêncio dizendo-lhe que tinha feito questão de...
reli o "à beira do rio piedra" do paulo coelho. tinha-o lido faz exactamente dez anos antes. exactamente os mesmos dez anos de quando ele me deixou.
largou-me sem dó sem voltar a olhar para trás como quem fugia de mim. talvez porque se sentia saturado ou apenas farto ou cansado como quem diz "deixei de te amar".
ainda hoje transporto comigo o imenso sofrimento desse instante uma dor tamanha que se alastrou pelo meu corpo todo como um arrepio gelado que me subiu dos pés à cabeça e me fez permanecer quieta quase imobilizada em silêncio colada ao chão da sala vendo-o partir.
após dez anos voltei a conquistar aqueles beijos os mesmos risos os gestos atrapalhados as palavras descomprometidas aqueles abraços como quem transporta consigo um mundo sem medos com tamanha força que o peito se torna pequeno demais para desejar maior amor.
se ser feliz é isto então eu sou.
é uma história de amor "à beira do rio piedra" como o é a minha e "é desnecessário conversar sobre o amor porque o amor tem a sua própria voz fala por si só".
eu reli "sentei e chorei" como quem renasce e estende os braços como quem diz "fica" e ele ainda aqui está.
chama-se pedro vai fazer dezoito anos no próximo dia 3 de setembro pelas treze horas e vinte minutos e é meu filho.

4.8.07

encerrado para férias

encerrado de férias para descanso dos bloguistas visitantes dos comentadores mais assíduos
e da própria!

até breve e um bem haja!
volto já...

ps:durante a minha ausência tomei o cuidado de pedir a alguém que tomasse conta deste estaminé...

dez__com_____passos

3.8.07

os seis sentidos


o sexto sentido...