27.6.10

tu




como se me tivessem cegado













leve levemente como quem chama por mim
fundido na bruma no nevoeiro sem fim
uma idéia brilhante cintila no escuro
um odor a tensão do medo puro
salto a janela com muita atenção
ponho_me à escuta bate_me o coração
sabem que me escondo na bellevue
ninguém comparece ao meu rendez_vous
salto para cima experimento o colchão
onde era sangue é só solidão
os meus amigos enterrados no jardim
e agora mais ninguém confia em mim
era só para brincar ao cinema negro
os corpos no lago eram do desemprego




excerto do texto bellevue de rui reininho









há horas assim em que tento conseguir tentar olhar_te bem fundo nos olhos e não encontro lá nada senão só um imenso nevoeiro como se te tivessem cegado e que apesar de ter vontade de os olhar fecho os meus com medo de que um dia os abras num renascer de luz que me fere que me dói que me atira fora me pisa me mata mais ainda do que esta vida em purgatório que procuro levar assim nuns dias felizes noutros menos mas não destinada ao fogo de um inferno que seria deixar de te olhar enquanto aparentemente viva por poucos tempos nada me importava a não ser só esta fé que mantenho de te perseguir até me cansar. olha_me: o respirar ainda cá está enquanto durares e sempre se manterá enquanto algum de nós nada esperar nunca nada porque nada há já a esperar.







fotos de jerry uelsmann

2 comentários:

Luis Eme disse...

escolhes sempre as imagens de uma forma brilhante, neste teu mundo, entre o preto e o branco...

as tuas palavras? são silêncios de paixão (duma daquelas grande, maior que uma cidade).

Moon_T disse...

gostei das tuas palavras
já do reininho... nem banhado a ouro!