16.3.09

não se precisa dizer nada















até hoje, todas as minhas cartas de amor não são mais que a realização da minha necessidade de fazer frases. se o «prince charmant» vier, que lhe direi eu de novo, de sincero, de verdadeiramente sentido? tão pobres somos que as mesmas palavras nos servem para exprimir a mentira e a verdade!





do diário de florbela e. 16 de julho 1930












há um mês o fim. sem ter fim. não há fim. mas fim de quê?



há que haver um recomeçar. um começo. um iniciar_mo_nos. sem se pedir sem se querer sem se esperar sem avisar. há que haver um iniciar. sem se dizer porque não se precisa dizer sem se avisar porque não se precisa de avisar sem se querer porque se precisa de se querer sem recomeçar porque não se precisa de começar nada de nada absolutamente nada. há que haver um recomeçar. os gemidos são cúmplices e testemunhos na sala. há que baixar a cabeça como que num voto secreto que se mostra submisso ao que é inevitável. respira_se o ar. inala_se a boca. inspira_se expira_se suspira_se. há quanto tempo assim não se ria. volta_se a encher os copos e bebe_se tudo de um trago. escorre_se o suor na garganta. aproveita_se o facto de ninguém nos espreitar. e lá fora nada se passa. só na sala. passo as mãos pelas costas até ao fim dos braços. lanço_me na pele que conheço de olhos fechados. de vez em quando espreita_se. só para confirmar. que fim anunciado? não há fim. não se espera ter fim. como findar? abrem_se os braços a um sem fim de nada se ter de dizer absolutamente nada falar e só a um não se precisa de dizer nada.



















fotografias de monica k.

11 comentários:

Unknown disse...

não há fins, mas sim primaveras, phoenixs desenhadas entre as lágrimas e os sorrisos o sangue derramado e a tinta da caneta que escorre no leito da vida.

não há fins, mas sim sinfonias, dos pássaros que chilram num acordar constante para novas realidades intensas conversas com as paredes, com o espelho, com a almofada, com NÓS mesmos...

não há fins, mas sim novos sentidos entre o mesmo caminho de passos constantes entre a inconstância do desconhecido que se apresenta já ali, um pouco mais à frente e já passado, mas que volta a surgir insipido e incognito... uma vez mais e mais e mais ali mesmo diante dos passos nossos pés!

BEIJO [E] terno

PS* :: ADORO A FOTO, não imaginas o quanto, muito bem escolhida
PS** :: ainda bem que renascem as palavras
PS*** :: o perfume mantém-se naquela cadeira vazia, enconstado numa qualquer parede, no momento segundos antes da minha passagem, sempre ali... à procura... sempre à procura PARA ENCONTRAR
PS**** :: à babuseiras, nossos gestos que são incógnitas, mas, porque assim somos necessitamos de executar, afim de sermos livres! livre de mim dos meus tormentos.
PS***** :: another sweet kiss

ADORO A IMAGEM.

ivone disse...

meu querido amigo baraujo

há novos sentidos há novas palavras há novas imagens há novas músicas há novas estações há novas de mim há novas de ti há que haver!
sempre e sempre e sempre mais. porque não há fim.
beijo t.

Mαğΐα disse...

É precioso o silêncio... para quem o sabe ouvir...

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

Silêncio...
, toda a palavra é redundante, ou redutora...
um beijo

_______ JRMARTO

A Coração disse...

É claro que não há fim. Há sempre algo a fervilhar em nós e enquanto fervilhar, tudo pode renascer.

. intemporal . disse...

e,

No Dia Mundial da Poesia, deposito aqui um ramo de sílabas que mais tarde virei colher na vogalização de tantas as palavras de en.cantar.

e saio _______________________________ rendido.

Um abraço[.]

Luis Eme disse...

sim. enfim...

que bom o silêncio se ter quebrado na paixão, não ter fim...

_E se eu fosse puta...Tu lias?_ disse...

Sarava.

Sempre gostei do que seleccionas e como o compões. parabéns.


beijo

Anónimo disse...

ADORO-TE... ATÉ MORRER...

sou eu disse...

ah! voltou!

:-)

Misantrofiado disse...

Ora, muito boa noite.
Aqui regresso após longa ausência.
Quem é vivo sempre aparece (lá diz o povo).






Se o prince charmant comparecer, as palavras serão efectivamente redutoras.
Justificar-se-á quiça... a potência silenciosa da sua lembrança, através do acto.
Tudo vibra - até o silêncio e isto digo escrevo eu (em silêncio).