10.7.10

. ponto final








quando estás não há lugar para mais palavras. a palavra és tu no sentido de querer que sejas assim a minha página. cada letra é um bocado de ti sem saberes que o és. entrego_lhe a tinta e espalhas_te por mim branca pálida válida. no corpo há apenas arrepios de frio o estremecer de nadas. o texto és tu com todo o sentido que a frase faz. não há lugar a discurso directo porque o tocar a letra só um o faz. respira_se fundo num mar de parágrafos num ar líquido sem rimar num sufocar de monólogos numa escrita na primeira pessoa sem destinatário. se continuas na minha página terei um dia escrito um livro sem fim à vista. o final és tu. tu que me começas agora a incomodar. ponto final.

4 comentários:

Luis Eme disse...

ler-te foi como estar na estação, parado, a ver o comboio partir, sem deixar de te ver com olhos apenas para as palavras...

despedi-me com um sorriso, sem tempo nem vontade para acenar, mesmo com o comboio a partir em "câmara lenta"...

ivone disse...

jurei um dia a mim que a palavra despedida não faz parte do meu dicionário. a partida não é partir é recomeçar....e em todas as estações há sempre um novo olhar uma nova vontade de te encontrar.

oldmirror disse...

comme d'habitude...

ivone disse...

Comme d'habitude, toute la journée
Je vais jouer à faire semblant
Comme d'habitude je vais sourire
Comme d'habitude je vais même rire
Comme d'habitude, enfin je vais vivre
Comme d'habitude