11.2.09

" é um lugar de abandono naufragado. pede_me que lhe diga em que penso."

digo_lhe que já não penso em nada. não quero pensar.
















é a noite que chega agora. diz_me que me lembrarei toda a vida desta tarde mesmo quando tiver esquecido até o seu rosto o seu nome. pergunto se me lembrarei da casa. ele diz_me: olha_a bem. digo_lhe que é como qualquer outra. ele diz_me que sim que é isso como sempre.




o amante de marguerite duras pág. 66














é isso. como sempre. com o tempo apagam_se as memórias do rosto. e até do nome. do rosto do nome do cheiro do toque da casa. gastam_se os sentidos de não os usar. e com o passar do tempo fica quase nada. fica nada. como sempre. é isso. como sempre.

mas revejo ainda o rosto. e lembro_me do nome. vejo ainda as paredes da sala e do quarto. levanto_me para me voltar a levantar e a debruçar_me em nada. não há corpo. não há toque. não há cheiro. não há rosto. não há nome. só há quarto.




"os beijos pelo corpo fazem chorar. dir_se_ia que consolam"
desconsolo agora. não há beijos. não há corpo. não há nada. há quarto.







fotografias de black mirror

13 comentários:

_E se eu fosse puta...Tu lias?_ disse...

Sarava!


grrrrrrrr

até me arrepiei mulher!

;) beijoca

Unknown disse...

Perpassa uma sensação de abandono que me é comum neste blogue. Nos seus espaços amplos de silêncio. Uma inspiração e uma companhia.

Luis Eme disse...

além das tuas palavras, Ivone, sempre tiradas bem para lá da pele, escolhes imagens que também falam...

(serás mesmo Ivone? pareces...)

Anónimo disse...

Resta-nos um quarto vazio repleto de tudo...Chupa essa manga =(

O diabo está nos detalhes disse...

excelente, a combinação texto/imagens

K. disse...

É um dos meus livros favoritos. Gostei muito de te ler.
:)

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

o que nos resta ?
e depois logo imediatamente vem -nos a vontade , a vontade incomensurável de ler Duras, a eterna Duras..
Um beijo
_________ JRMARTO

Victor Oliveira Mateus disse...

ivone,

há algo que não posso deixar de referir: sempre que venho a este blogue "sou assaltado" por um aviso
que me dá a sensação de vir assis-
tir a uma aula s/ a filosofia de Sade... Não sei o que se passou, nem ainda consegui entender o que existe aqui de reprovável, contudo
acalento a esperança que o conceito
de condenável ( ou até mesmo de
obsceno) seja tb extensivo pelos
"queixosos" a outras situações...
pergunto: será q tb se movimentam quando se apercebem que alguém após 40 anos de trabalho árduo é
reformado com 300E? Espero que sim,
pq isso é que, para mim, é franca-
mente reprovável! Mas no Ocidente
o obsceno esteve sempre ligado ao
corpo: leiam-se as cartas de Anchieta qd chegou ao Brasil e viu
q os índios andavam nus, "mostran-
do as suas ímundicies"...
Por acaso esta conversa até tem
a ver com a grande Duras, com o
tempo e a memória, aqui referidos no post. Pelo que conheço dela, suspeito que concordaria comigo.
Bj.

Pecadormeconfesso disse...

Há coisas que o tempo nunca apaga.

Anónimo disse...

Hoje. Declaro meu amor, sem silêncio.
Deixo um terno beijo.

D.

Eme disse...

é tremendo. turbilhão de sentidos. é tudo. e é quarto.
e chega.

A Coração disse...

Lindo. Meigo. Doce.

ivone disse...

tu lias?
grrrrrrrrrr para ti também
arrepiada? não exageres sff

nils
uma inspiração e uma companhia? mas isso é óptimo!

luis eme
e eu sei lá se sou ivone ou se pareço. já quase não sei nada.

lisboa
é. resta_nos o quarto. vazio. já é qualquer coisa. melhor que nada. de nada.

detalhes
faço questão que as imagens falem com a escrita e a escrita com elas.

karlinne
apesar de não ser um dos meus preferidos vale a pena ler marguerite duras sim.


vaandando
dizes bem: a eterna duras.dá vontade de ler e reler. sempre.

victor oliveira mateus
acho que após todo este tempo já consegui ultrapassar esse trauma do reprovável.condenável ou mesmo obsceno? na altura cheguei a pensar se seria a minha escrita. e aí andei a bater mal durante uns dias depois passou_me. a esta questão só os próprios lhe poderão responder. quanto a mim continuo a já nem ler o aviso e a pretender continuar pois claro. até quando? não faço ideia. confesso_lhe que já me apeteceu desistir disto. ainda não o fiz porque a escrita dá_me gozo. só isso. a partir do momento em que isso não acontecer termino com o blog.

pecadormeconfesso
pois há. se há. mas como comentei "nos entretantos morre_se".

d.
e declaras bem.

m.
será que chega? nada me basta já. sei lá...

diana
como se quer no amor não é princesa? lindo. meigo. doce

beijos