
e em cada gemido há um purgatório de silêncio presente

Asas servem para voar
para sonhar ou para planar
Visitar espreitar espiar
Mil casas do ar
As asas nao se vão cortar
Asas são para combater
Num lugar infinito
para respirar o ar
As asas são para proteger te pintar
Não te esquecer
Visitar espreitar-te
bem alto do ar
São quando quiseres
A um amor que vês nascer
sem prazo, idade de acabar
Nao há leis para te prender
aconteça o que acontecer.
asas
de rui reininho



voei em ti e planei em paz de espírito que se fez no meu paraíso inventado. é assim na tua pele que abraço a língua sem provar palavra. coisa pouca a não ser cada gemido que me entra na garganta e que é prova única. desfaz_se o gosto amargo que transportei na boca tantos anos e que transformo agora em sabores quentes que se me instalam nos lábios. o cheiro não há. taparam_se_me as narinas para te receber no tacto. por cada vez que passo a mão em ti cada sentido é um todo sem sentido que se me faz.
és tu assim que te atravessas na cama e que não falo para te chegar a correr de alto a baixo. escorrega_se_me a boca por cada beijo que te marco. meu amor minha vida minha alma. meu sentir. deixa_me agora enfim que não te diga porque nada te disse e te disse tudo. tudo o que me passava pelo corpo. tudo o que te quis sempre dizer e sem dizer tu sabias que eu dizia. digo_te pois finalmente que não te quero dizer nada.
és tu que me corres no corpo inteiro. em cada poro que transpira por te dizer o quanto um dia te posso gostar. inteira eu dos pés à cabeça na nudez que é só tua sem abrigo de mãos. no acordar em madrugada quente de respirar em ar que não sufoca já no quarto da minha casa que nos serviu de testemunha no voar.
sim. a palavra agora é sim. porque não dormi enfim sozinha. não precisei de dormir . as horas do sono ganhei_as contigo por entre os braços. o sono foi sonho de dormitar contigo entrelaçada num purgatório de sonhar. na quente madrugada do meu quarto que nos serviu de testemunha sem testemunhar. comungando connosco um verbo em se amar por fim numa paixão que nos serve de silêncio sem nunca sequer se silenciar.
ficou o resto de mim. contigo. debaixo da almofada. é o que me resta. um corpo ardente até ausente. parece despenteado. silhueta permanente atravessando_se nos meus sentidos. e nos lençois presentes há um corpo sempre. ausente. há dois corpos quentes talvez invento. em cada gemido há um purgatório de silêncio presente.