8.9.08

o que eu fiz com o teu foi escondê_lo de mim

querer_te












o que eu fiz com o teu foi escondê_lo de mim








































o l. tem no íntimo embora o não confesse um grande orgulho por não ser capaz de amar doidamente uma mulher como é que sendo ele tão inteligente não compreende esta verdade tão simples:que aquele que não tem nada para dar é que é pobre?assim nas suas aventuras sentimentais dá em troca de pedras preciosas dinheiro falso e quando chegar a morte terá ignorado dois dos maiores prazeres da vida:o prazer de possuir pedras preciosas e o prazer de as dar




treze de março de mil novecentos e trinta
excerto do diário do último ano de florbela espanca






















não sou capaz de odiar ninguém. alguns foram sim os que me disseram não também e nunca os consegui odiar por isso. apenas senti um desconforto cá dentro onde nunca chegaste e poucos entram por fim. nem quiseste ao menos saber como se conseguia chegar. muito menos entrar. e isso foi sem dúvida a minha mágoa maior.

mas hoje a noite é calma e eu sinto_me serena. há como que um estado de espírito em paz que mora comigo. estranho_me por isso. outrora não era assim. conquistei_me sim desde que comecei a escrever. um ano e piques. deixei um pouco essa inquietação e desassossego que tanto me caracteriza. as palavras confortam_me e é neste reconfortante sentir que não me sinto mais sózinha. não. não tenho ninguém. tenho só alguém. tenho_me a mim.
as noites alongam_se a partir deste setembro fresco. mês meu em calendário de vida que se cumpre ano após ano. não perdida. desperdiçada talvez. mas é assim que sei viver. sem ninguém de lado continuado e de vez em quando muito raramente tendo alguém. não fui feita para par. partilhar talvez. e não me importa de nem sempre acontecer. faço_o quando tenho de o fazer. não forçosamente. nunca. não seria de mim.

e devo_te dizer que já me aconteceu algumas vezes. sem querer aconteceu. não procuro. se tiver de ser é. se não. não. pouco me importa se queres saber. atravessam_se_me pessoas de quem muito gosto. outras menos. algumas ainda assim assim. a última sim. tu nem por isso. então o querer não foi tão tamanho como poderia vir a ser. somam_se assim os quereres sem eu querer. e no teu caso de te querer sem saber. quero lá saber.


querer_te?
o que eu fiz com o teu foi escondê_lo. de mim.





para ninguém
para todos
para mim




fotos antonio gabriele toppi








13 comentários:

Unknown disse...

estou um pouco perdido com o que comentar. confesso. por um lado... adorei... por outro. sinto o que escreves. não sou o que descreves. mas estou como citas... eis a confusão do meu estar... de uma forma ou de outra algures por aí e em nenhures.

:) gostei muito das imagens que escolheste [como sempre]

beijo enormemente terno.

ivone disse...

baraújo
e que bom é estar perdido não é?
"de uma forma ou de outra algures por aí e em nenhures." para quem for para ninguém para todos para mim para ti a inquietação incomoda por vezes. mas se não for esse desassossego que nos resta mais? estamos vivos enquanto assim estamos. e é óptimo não é?

bj

ps:e gostei do enormemente sim

Moon_T disse...

a beleza é faze-lo porque realmente se quer.

E sentir... é divino.

Gostei
como sempre.
fiquei com a sensaçao de um lugar escuro, mas tépido...confortavel.


obrigado

Dois Rios disse...

Querida Ivone,

Tudo por aqui é belo como sempre. É como ler uma poesia na penumbra de um quarto ouvindo os pingos da chuva lá fora.

Tudo é ternamente belo e melancólico.

O esconde-lo para não quere-lo é a síntese da dor de amor.

Beijo,
Inês

~pi disse...

cobertor

de palavras

( asa

veludo rosas



~

Carla disse...

dão as palavras a serenidade que o sentimento retira
beijos

A Coração disse...

Adorei!! Florbela Espanca é das minhas preferidas. O teu texto está também maravilhoso.

nOgS disse...

Ivone,

Pobres os que não sentem, de facto.

Os que não se entregam ou não são capazes de sentir algo tão belo como tu descrevs neste post.

Beijo, beijo doce

sagher disse...

o silencio nas imagens descreve o silencio no amar.

prabéns

ivone disse...

moon_t
propositadamente ainda não tinha respondido aos comentários só não te vou dizer o porquê obviamente.

"fiquei com a sensaçao de um lugar escuro, mas tépido...confortavel." esta sensação também a tive quando escrevi este texto seleccionei estas imagens e o complementei com f.espanca. e evito voltar cá. porquê? não sei... talvez porque depois de me desfazer dele perdi por completo essa sensação confortável e senti precisamente o contrário. por isso evito relê_lo.

Moon_T disse...

antes demais... rara é a vez que leio o que escrevo, sao sensacoes unicas, o suficiente para as partilhar mas tambem para as viver apenas uma vez.


quanto à imagem
claro que podes "roubar" tem em conta que está sediada no olhares, caso a uses por favor dá-lhes o devido crédito. todas as minhas imagens (ou a sua grande maioria) estao linkadas ao site onde estao sediadas para nao ser tomado como plagio pois se as uso nada tem a ver com isso mas sim porque as considero bastante.
bem como o excerto que comentaste se clikares nele levarte-á à obra completa, o que sei que nao será preciso mas é apenas um esclarecimento :)


obrigado

ivone disse...

moon_t

"rara é a vez que leio o que escrevo, sao sensacoes unicas, o suficiente para as partilhar mas tambem para as viver apenas uma vez."
ao contrário de mim . nunca um texto se esgota e a sensação não termina com ele.por vezes torna_se mais forte ainda. e mais: leio e releio e volto a ler quando preciso.fizeste_me entrar neste post. tive vontade de o reler. mas segurei_me. dói_me voltar aqui.



fica bem

Moon_T disse...

ivone,

de todo, os textos se esgotam, nao me referi a isso, se fosse esse o caso nem sequer os partilhava. por vezes, como bem dizes, até se torna mais forte.
o que me referi é que incorporo efectivamente o que escrevo e opto por, quase nunca, os reler. não são meras palavras e não lido como tal.
realmente sensaçao nao termina Mesmo com o texto...