10.2.08

eu que amava o pedro




como não acontece ficam as palavras.






não seria pedir muito querer conhecer o gosto da tua boca. convidar_te para um café numa esplanada qualquer onde se pudesse ouvir o mar. falar um pouco de mim. muito pouco. saber de ti. sim.ficar quieta ao teu lado. olhar_te de lado em segredo. sem te avisar. ficar calada a ver_te fumar.






agora me lembro que acho que nunca te disse. deixo_te ainda na dúvida porque é a melhor solução que tenho. afasto_me de quem gosto. e é este contrário do sentir que não consigo perceber. contigo. é na negativa que me afirmo. medo. muito medo.




nas paixões que vivi a palavra soou_me sempre a silêncio. era no não dizer que morava a magia. e eu gostava disso.




por ventura seria fantástico uma vinda. ou o regresso do que nunca foi. o esperar está fora de questão. não há tempo para se ter tempo de. apressam_se as horas quando não estás. atravesso_me entre os ponteiros dos minutos. estaciono_me. e empurro_me para um tempo sem o ser. o dizer que não te espero seria mentira. o contrário mentira é.




de tantos nomes poucos recordo. apagaram_se os apelidos também. nem o toque fica. estranho_me. lido com uma nova forma de estar. e não gosto. amedronta_me o desconhecido.




eu que amava o pedro que amava a justina que amava o rui que amava a luísa que amava o luís que amava a cristina. que não amava ninguém.

14 comentários:

~pi disse...

rosário de maldição

encadeamento

lamento

cantiga de amor

cantiga de dor

cantiga de amigo

ai deus

a i



~~

Carla disse...

"é na negativa que me afirmo"
e eu que não sei dizer também me construo muitas vezes na negativa

Luís Galego disse...

quando roçamos nas ondas da paixão é tudo muito mais complicado....e sofrer passa a ser o nosso vizinho do lado...que fazer? belo texto...

lila disse...

Eu amo...
Tu amarás...
Outros tempos não sei...
Outros tempos tanto faz...
bjs

Kapikua disse...

eu apenas sei dizer-te que adoro o toque das palavras que escolhes escrever.

Anónimo disse...

há uma tecla no piano directa a esta blog e ainda bem. adorei ler!

ROSASIVENTOS disse...

palavra alguma


saía nenhum corpo


nenhum vazio

ContorNUS disse...

Lindíssimo!!!

Rui Caetano disse...

Adorei.Um bonito jogo, mas quando o amor é o centro a vida ainda se torna mais bela neste jogo de palavras e de sentimentos.

O'Sanji disse...

"... que não amava ninguém"... ou que somente se ama a si próprio?
E fizeste-me recordar Drummond de Andrade!

ivone disse...

hoje decidi não responder

há pequenos nadas que fazem um todo. do que li que me deixaram aqui penso que consegui chegar de uma maneira ou de outra à sensibilidade de cada um. uns mais à flor da pele do que outros. é muito gratificante para mim.


pensei duas vezes se deveria colocar este texto aqui ou não. porque são coisas muito minhas. e eu não gosto muito de me expôr.

pensei: "mas são desconhecidos. não interessa. "

alguns aqui estão a deixar de o ser. pela cumplicidade que se constrói na partilha das palavras.

o'sanji que leio faz muitos meses e que hoje me visita pela primeira vez. um pequeno nada que me diz muito. ~pi. pela leveza do estar. do ser. linda. carla. pela empatia no sentir. minha leitora assídua. luís. essa extraordinária maneira de ler e olhar. lila a minha grande amiga e companheira de luta (risos). kapikua. a amabilidade com que me trata nos seus comentários.
alice contornus rosasiventos e rui caetano os mais recentes por aqui. uma agradável surpresa.

a todos vocês que já fazem parte do meu silêncio e da minha paixão um pequeno grande bem haja pela partilha nas palavras

S. disse...

(tentei deixar um comment mas julgo que não ficou...repito:-) )

A espera que corrói os dias...a palavra que, quando dita, destrói o conforto do silêncio...ou apenas a procura de alguém que não tome o silêncio por desinteresse.

Fizeste bem em partilhar este pedaço de ti. Agradeço por estas palavras que nos vão enchendo os dias.

un dress disse...

sinto que desaprendemos o amor

[e tudo o que somos

que vive do amor,

e nos enleamos de palavras.

mais e mais.

e mais...



.beijO

Maria José disse...

E no fim... um vazio de tudo.